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Artigo

Diga não à violência doméstica e sim ao respeito

Por Dra. Quitéria Tamanini Vieira Péres

14/02/2021 17h58Atualizado há 3 anos
Por: Redação
Fonte: Dra. Quitéria Tamanini Vieira Péres
Dra. Quitéria Péres
Dra. Quitéria Péres

Não há maneira melhor e mais legítima de homenagear a mulher do que respeitando-a. Afinal, o respeito é o fundamento necessário para a construção dos principais valores humanos, os mesmos que, como pais, ensinamos aos nossos filhos. Onde há respeito, há compreensão. Onde há compreensão, há oportunidade para o diálogo, para a escuta e para o entendimento. Nós mulheres, compomos a metade da população e somos mães da outra metade. Como mães, somos líderes formadoras da nova geração de cidadãos que serão à todo tempo convocados a exercer tal respeito em relação ao outro, indistintamente. O lar é o espaço mais privilegiado para ministrar estas tão importantes lições, sobretudo a partir do exemplo no relacionamento entre pais e filhos e também entre os próprios pais, como parceiros que são na união constituída pelo amor. Esta a razão pela qual convido todos os cidadãos a pensarem sobre o legado que, pelo seu exemplo no cotidiano da relação familiar, querem deixar às próximas gerações. Rogo que neste legado não falte a postura compassiva de quem se dispõe a observar as diferenças sem julgá-las, a valorizar as virtudes de cada um e a cooperar para a resolução dos problemas que, em tal espaço sagrado, não são de um ou de outro, mas de todos. Rogo que não haja violência de qualquer espécie, nem física, nem psicológica, nem moral. Rogo, portanto, pela transformação da realidade observada no cotidiano de muitas famílias ainda vitimadas pela violência doméstica (cujas denúncias chegam ao Poder Judiciário embebidas em lágrimas de desapontamento pelo respeito não retribuído). É chegado o momento de romper este ciclo de violência que, como sabemos, compromete o equilíbrio tão necessário à nossa saudável existência, como seres humanos relacionais que somos. A considerar que, segundo a comunicação não violenta ensinada por Marshall Rosenberg, “toda violência é a expressão trágica de necessidades não atendidas”, resta-nos tentar mudar as lentes com que olhamos para as pessoas que amamos, justamente para buscarmos identificar, pelo diálogo sincero, quais são os sentimentos que conduzem aos interesses respectivos de modo a revelar as necessidades que reciprocamente gostariam de ver atendidas. Atenção para a expressão “reciprocamente”, afinal, todo relacionamento envolve pessoas que trazem consigo relatos de histórias diferentes, as quais impactam não somente no passado, mas também na forma como vêem o mundo, daí porque devem ser respeitadas tal como são, na integralidade de seu ser.  Em todo este processo de transformação, todos temos um papel importante a desempenhar no espaço que habitamos; do mesmo modo, as instituições, a quem confiamos a tarefa de desenvolver políticas para garantia dos direitos fundamentais das mulheres nas relações domésticas e familiares, resguardando-as contra práticas de discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Se cada um fizer seu papel, certamente muito mais teremos a comemorar num futuro próximo (quando o respeito for tão natural entre as pessoas que não mais precise ser reivindicado, nem por homens, nem por mulheres).

[1] A autora é formada em Direito (FURB), especialista lato sensu em Direito Civil (UNIVALI), em Direito Penal e Processual Penal (FURB) e em Gestão e Controle no Setor Público (UDESC/ESAG), e, ainda, mestre em Instituições Jurídico-Políticas (UFSC). É Juíza de Direito (lotada na 1ª Vara Cível da Comarca de Blumenau), Professora (Escola Superior do Estado de Santa Catarina - SMESC, Academia Judicial de Santa Catarina, Escola Superior da Advocacia - ESA-OAB/SC e cursos de Pós-Graduação) e Palestrante.

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