Tudo é uma questão de conexão
O que movimenta nosso mundo são as nossas energias, intenções, vontades e a capacidade de deslocamentode cada um rumo ao desconhecido. Em geometria plana, a menor distância entre dois pontos é uma reta, na vida a distância a ser medida é entre o lugar que ocupamos e onde queremos chegar, mas o ponto de chegada é um ponto cego, ele não existe, nós o criamos no percurso.
Para a Teoria da Relatividade Geral a curva de menor distância entre dois pontos pode não ser uma reta. Se até a geometria cedeu à relatividade, com a vida não é diferente. Uma vez que a vitória não se resuma ao pódio, nada nos impede de melhorarmos os nossos objetivos no trajeto, afinal o que aprendemos no caminho nos enriquece mais que a própria chegada, que é um novo ponto de partida. No caminho nos preparamos para vivenciar a chagada, apreciar a vista e partir para novos horizontes.
Para “chegar lá” nós precisamos dos outros, esses universos ambulantes, esses grandes desconhecidos. Só a comunicação é capaz de nos conectar ao estranho, não apenas a comunicação das palavras, mas aquela que se faz nos silêncios, uma comunicação não-verbal que se estabelece nos pontos de contato com o outro, através das energias e intenções que circulam entre as partes.
Comunicação é conexão e ela se dá de forma profunda quando somos capazes de nos conectar ao diferente. Comunicar-se é não adivinhar o que está à nossa frente, é conectar-se ao que não dominamos, é dar lugar ao que não entendemos, é liberar espaço interno descartando velhos conceitos que nos trouxeram até aqui, mas já não fazem mais sentido, é desapego.
Quem sabe ouvir realmente se conecta
Saber ouvir, uma habilidade que parece cada vez mais rara, que requisitamos muito do outro e treinamos pouco em nós. Certas conversas que consideramos diálogos, na verdade, não passam de encontros de monólogos onde cada um fala sobre si e um não ouve o outro.
Muitas vezes nós não ouvimos o que o outro diz, apenas aguardamos a nossa vez de falar e reclamamos que ninguém nos ouve. Saímos desses monólogos a dois da mesma forma como chegamos, vazios do que o outro tem para nos dar. Na cultura do cancelamento, somos surdos com audição perfeita e mudos que usam palavras, porque buscamos ecos das nossas ideias negando o desconforto que o diferente nos causa com medo da dor do crescimento.
Para ouvir precisamos calar o “vozerio interno”, descartar as frases feitas e colocar sentimentos e emoções em campo, porque são eles que nos permitem estabelecer conexões. O problema é que aí entramos no campo da relatividade, onde habitam nossas verdades, nem sempre convenientes que, para amadurecer, precisamos encarar e resolver.
A comunicação profunda é para os fortes, é algo que escapa às nossas definições porque é mais que preencher as lacunas com verbos, adjetivos e substantivos, ela é um abrir-se para aprender sempre mais sobre si mesmo, sobre o outro e o mundo. A comunicação profunda é para ser vivida na chuva, na rua, na fazenda...
Elizete Schazmann – Jornalista e especialista em Comunicação Não-Violenta
Contato: ejsconteudos@gmail.com
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