Quitéria Tamanini Vieira Péres[1]
Isabel Cristina Muniz Niebuhr[2]
Mais do que nunca, o isolamento social motivado pela Pandemia (COVID-19), provocou um efeito paradoxalmente interessante: a aproximação entre os membros de uma família, já que todos estão confinados dentro de casa há vários meses, em tempo integral. Filhos não tem saído para irem à escola e nem pais tem saído para irem trabalhar. A pergunta que fica é: temos aproveitado este tempo (de cuja falta antes reclamávamos) para nos aproximarmos emocionalmente dos nossos filhos, melhorando a qualidade do relacionamento? É verdade que esta tarefa não é fácil. Todavia, é mais simples que imaginamos.
O que nos une a outra pessoa pode ser fortalecido por meio da conexão estabelecida com uma conversa sincera, imune de julgamentos e construtiva. Refiro-me à uma forma de comunicação em que a pessoa que ouve se interessa verdadeiramente pelo que está sendo dito pela pessoa que fala, buscando compreender os sentimentos que permeiam aquelas palavras, ciente que eles tem o poder do farol que ilumina os verdadeiros interesses que ela gostaria de expressar, mas nem sempre consegue. Ou, quando consegue, talvez nós, como ouvintes, não consigamos escutar. Não estranhe: escutar é diferente de simplesmente ouvir. Quem escuta não se preocupa em concluir e nem em apontar a solução que imagina ser a melhor, até mesmo porque raramente a pessoa que fala o faz com o propósito de recebê-la. Duvida? Pense, então, nas inúmeras vezes em que tudo o que você gostaria é ser ouvido atenta e compassivamente pela pessoa em quem está confiando suas palavras e, nelas, seus sentimentos. Admito que esta forma de comunicação, denominada por uns como comunicação não violenta, por outros como comunicação compassiva, é um tanto diferente daquela que praticamos desde que aprendemos a falar.
De fato, tal como aprendemos, temos ensinado nossos filhos, principalmente a partir do nosso próprio exemplo. Quantas vezes, diante de um aparente conflito ou reclamação feita pelo filho, decidimos sem nem mesmo lhe dar a oportunidade de explicar o que estava sentindo e por quais motivos. Acreditamos que a experiência dos anos vividos nos qualifica a saber mais que aquele que é bem mais jovem e, portanto, inexperiente. Esquecemo-nos, contudo, que o principal aprendizado que ele, desde jovem, poderá extrair das situações difíceis é como identificar e gerenciar suas emoções para, assim, melhor conseguir lidar com os interesses seus e dos outros. Pais, experimentem perguntar mais: - Filho, como você se sentiu diante do que ocorreu? Por que você acha que se sentiu assim? O que, em tal contexto, mais importa para você? E, diante de algo não compreendido, peça: - Você poderia me falar mais sobre isso? Ajude-me a entender o que quer dizer com isso. Se puder, pergunte também: - Filho, você sabe por que eu te amo? Assegure-se de que não é porque atende nossas condições e exigências, mas simplesmente por ser quem é, exatamente como também nós queremos ser amados pelos nossos pais.
Sensação
Vento
Umidade