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Luiz Cé B1
OPINIÃO

EAD não é commodities

A Qualidade e Metodologia da Educação Digital não são iguais entre as instituições

08/06/2020 13h00Atualizado há 4 anos
Por: Redação
Fonte: Adriano Albano
Adriano Albano (Foto: Tiago de Jesus)
Adriano Albano (Foto: Tiago de Jesus)

Você está de frente a uma gôndola em um supermercado, e vê diversas opções de feijão para comprar. As embalagens são diferentes, e uma ou outra tenta ainda atrair, com técnicas de merchandising, a sua atenção para adquiri-los. Mas feijão, respeitadas algumas pequenas diferenças de tipo (carioca, preto, entre outros), é tudo igual. Quando não há praticamente nenhuma distinção entre um produto ou serviço oferecido no mercado, dizemos que este é commodities. Apesar do esforço de algumas empresas em diferenciar um produto ou outro na comunicação, normalmente resta a um produto commodities disputar o mercado pelo preço.

Quando avaliamos o mercado de educação, vemos uma grande diferença na qualidade dos serviços prestados. No ensino presencial, por exemplo, conhecemos instituições com ensino de ponta, com cursos que são referência no mercado. Em outra ponta, há cursos sofríveis, que não conseguem o mínimo de notas na avaliação do ENADE. Porém, quando falamos em EAD, o mercado tende a achar que é tudo igual, um commodities, restando também uma grande disputa por preço neste mercado. São oferecidos descontos e mais descontos, que neste mercado são traduzidos por "Bolsas de Estudos". 

Em uma conversa recente com investidores na área de educação, perguntaram-me como que se dava a diferenciação dessa qualidade. Começaremos a entender primeiramente essa distinção pelo conteúdo ofertado. Há aulas gravadas e também livros disponibilizados (impressos e ou digitais). Para economizar, já que aquela instituição está vendendo cursos a preço de banana, disponibilizam tanto a aula quanto o conteúdo de até 10 anos atrás. O E-social, por exemplo, não consta nestes conteúdos, pois é recente. E se o conteúdo não é atual, já começamos mal.

Uma aula ao vivo, acontecendo naquele momento, com interações com o professor e também com colegas em todo o Brasil, deixa o conteúdo o mais atual possível. Estas podem ser disponibilizadas também para acesso posterior. O investimento em professores referência, com maior estudo e experiência, dá segurança em ter-se um conteúdo confiável. O MEC exige que pelo menos 30% dos professores sejam mestres ou doutores. Como custam caro, a grande maioria fica ali, no limite do exigido.

A metodologia pressupõe muitas atividades, interação e práticas guiadas. O investimento da instituição em um ambiente virtual moderno e intuitivo, bem com em atividades inteligentes, utilizando-se inclusive de ferramentas tecnológicas como QRCodes, Realidade Aumentada, Laboratórios virtuais, faz a diferença na hora do aprendizado. E em metodologias híbridas, ter laboratórios práticos no polo, bem como uso da metodologia ativa, com atividades presenciais de discussão e apresentações, faz com que o melhor do presencial seja disponibilizado, bem como o melhor do ead.

As ferramentas de avaliação, que incentivam atividades no decorrer do curso com o objetivo do aprendizado constante e subseqüente, são a forma mais inteligente de ensinar e aprender. E uma avaliação presencial, sem consulta (sem facilitar), é parte importantíssima da seriedade do ensino. Uma campanha intitulada "cola não rola", disponível em buscas na internet, mostra uma operação médica feita por um recém-formado, que tinha anotado na mão (luva) os procedimentos a executar. Retrata assim, uma sociedade que precisa levar a sério e com responsabilidade o aprendizado.

O reitor a Unicesumar - uma das maiores e melhores instituições de ensino superior do Brasil -  resolveu fazer um cliente oculto em uma outra instituição. Inventou na hora uma história que seu neto não gostava de estudar. Mas ele, o avô, tinha um sonho de vê-lo formado. Foi tranquilizado pela atendente, dizendo que ele havia chegado no lugar certo. Que o neto poderia se matricular ali, porque estudar não era necessário, pois de qualquer forma ele iria passar. E com bolsa de estudos, com um curso baratinho! Estavam vendendo o diploma, e não o conhecimento.

Algumas instituições, de maneira agressiva, contactam alunos já matriculados no seu concorrente, oferecendo um desconto sobre o valor que este está pagando naquela instituição para ela se transferir. E alguns poucos alunos cedem à pressão, e vão para a instituição mais barata. E o interessante é notarmos que estes, um tempo depois retornam, informando que a metodologia da nova instituição "é simplesmente horrível", sem tratamento adequado.

Hoje, o índice de evasão gira em torno de 40% no Ensino Superior, conforme o Censo EaD da ABED. Porém muitos destes na verdade não estão desistindo. Estão sim, saindo de um instituição barata, e se transferindo para instituições de qualidade no EAD. Vejo todos os dias alunos, inclusive vindo de instituições presenciais, insatisfeitos por lá não terem aprendido.

Hoje, muitos que não viam a Educação Digital como um caminho, passam a pensar seriamente nesta alternativa. Mas hoje, estes, não estão em busca do menor preço, e sim de um aprendizado de qualidade. O mercado está mudando, e a Educação Digital também. Educação Digital não é commodities. Há instituições sérias, com metodologias inteligentes e resultados de "gente grande", comparados aos melhores presenciais.

Adriano Albano

adriano.albano-bnu@unicesumar.edu.br

47 992185988

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