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A fé de cada um em tempos de pandemia

Por Lilian Monteiro

10/06/2020 08h07Atualizado há 4 anos
Por: Redação
Fonte: https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2020/04/19/interna_bem_viver,1139017/a-fe-de-cada-um-em-tempos-de-pandemia.shtml
(Foto: Gerd Altmann/Pixabay)
(Foto: Gerd Altmann/Pixabay)

Sem se sustentar em evidências, provas ou entendimento racional, a espiritualidade é o conforto de muitos diante do desconhecido, como a pandemia que assola o mundo. Crença no que não se vê dá sentido à vida.

Em tempos de dor, medos e incertezas, é natural e esperado que cada um procure um caminho que lhe traga conforto, doses de confiança e a chance de encontrar a paz. Esta estrada é a da espiritualidade, lugar onde o real coexiste e tem conexão com algo maior e sagrado. É do ser humano buscar uma ligação com o divino, seja ele representado pela figura de Deus, por meio da religião ou, como bem cantou o mestre Gilberto Gil, a fé não precisa, necessariamente, estar ligada à doutrina. Essa força interior de uma crença poderosa pode ser nutrida em relação a uma pessoa, uma ideologia, à ciência, a um pensamento filosófico, um objeto inanimado...

Diante da pandemia do novo coronavírus, com o isolamento social imposto como medida de proteção contra a disseminação da COVID-19, a fé, do latim fides (fidelidade), é a confiança absoluta, sem espaço para dúvida, que cada um deposita no que escolhe acreditar. A esperança como antídoto diante de um inimigo invisível, letal e que a humanidade luta para controlar. Enquanto a batalha não se encerra, apaziguar corações e mentes é a busca interna de cada um diante da sua convicção.

Para a professora e advogada Maria Fernanda Pires de Carvalho Pereira, a quarentena é tempo de espera e de esperança (foto: Maria Helena Pires/Divulgação)

Para a professora e advogada Maria Fernanda Pires de Carvalho Pereira, a quarentena é tempo de espera e de esperança (foto: Maria Helena Pires/Divulgação)

Hoje, o Bem Viver procura entregar aos leitores um tempo de leitura que lhe traga fé, esperança de dias melhores e palavras de conforto de pessoas que se sustentam por algo maior, sem preocupação com materialidade. Para a advogada e professora Maria Fernanda Pires de Carvalho Pereira, a quarentena é tempo de espera e de esperança: “Neste tempo de recolhimento forçado, a oração é um forte antídoto espiritual. Vivemos a cultura da pressa. Tudo nos é imediato. A fala, a vivência, as relações. No dia a dia corrido, mais reagimos do que agimos. Mais confrontamos do que enfrentamos. O tempo todo nos ocupamos de funções e impomos tantas outras aos que nos são próximos. De repente, a espera. E agora? O que fazer com todo esse tempo que obriga cada um a estar consigo?”.

Maria Fernanda se questiona como parar para ouvir o próprio silêncio. Como dar conta da angústia diante do inesperado? Como lidar com os medos? Como internalizar que nada, absolutamente nada, controlamos? “No meu caso, pela oração. É ela o meio, é o caminho entre a espera e a esperança. A espera imposta pela quarentena é fato. A esperança advinda da oração é fé.”

Para Maria Fernanda, a oração nesse contexto, é a oportunidade de recuperar a intimidade e a confiança em Deus. “A mim, traz serenidade, confiança e paz. É ela que converte minha espera em espe-rança.” Como diz Padre Fábio de Melo, “é sob a sombra que descubro a luz da palavra”. Assim, a espera pode não ser afastamento adverso da vida, mas esperança de um tempo novo. Como discursou Jesus durante o sermão da montanha, relatado nos evangelhos de Mateus e Lucas. “Olhai os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Eu, porém, lhes digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles” (Mateus, 6, 25-34). “E que a oração possa nos abraçar e converter a espera em esperança, verdadeira Páscoa e confiança num tempo melhor.”

 O professor padre Evandro Campos Maria, diretor do Instituto de Filosofia e Teologia Dom Resende Costa, da PUC Minas, ressalta que a espiritualidade e a fé ajudam a superar limites e dificuldades e, ao mesmo tempo, provocam aprendizado e crescimento: “Têm relação com a pessoa de Jesus Cristo, que enfrentou a cruz, a morte, a solidão e o abandono e, neste momento, colocou a sua confiança no Pai. A fé nos associa a Jesus Cristo, nos ajuda na hora da incerteza. É tempo de confiar a causa da vida nas mãos de Deus. Sentir a sua presença. Ele não nos abandona, caminha conosco e aí temos a esperança e o amor”.

Padre Evandro lembra que a fé e a espiritualidade se fundem no coração das pessoas.

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