O trânsito caracteriza-se pela relação homem-necessidade de circulação, num contexto determinado. Transitar é uma necessidade de todo ser humano. Todos, portanto, são usuários do trânsito, independente do papel que estejam desempenhando. Sob essa acepção, o trânsito se constitui num complexo sistema de relações dos homens entre si e desses com o espaço no qual interagem. Considerando esse enfoque, é importante enfatizar que o crescimento das cidades gerou um maior número de veículos circulando, de pessoas transitando, de crianças nas ruas, fazendo com que os problemas cresçam na mesma proporção, comprometendo a mobilidade e a acessibilidade aos espaços destinados ao tráfego.
O trânsito é feito pelas pessoas. E, como nas outras atividades humanas, quatro princípios são importantes para o relacionamento e a convivência social no trânsito.
O primeiro deles é a dignidade da pessoa humana, do qual derivam os Direitos Humanos e os valores e atitudes fundamentais para o convívio social democrático, como o respeito mútuo e o repúdio às discriminações de qualquer espécie, atitude necessária à promoção da justiça.
O segundo princípio é a igualdade de direitos. Todos têm a possibilidade de exercer a cidadania plenamente e, para isso, é necessário ter equidade, isto é, a necessidade de considerar as diferenças das pessoas para garantir a igualdade o que, por sua vez, fundamenta a solidariedade.
Um outro é o da participação, que fundamenta a mobilização da sociedade para organizar-se em torno dos problemas de trânsito e de suas consequências.
Finalmente, o princípio da corresponsabilidade pela VIDA SOCIAL, que diz respeito à formação de atitudes e ao aprender a valorizar comportamentos necessários à segurança no trânsito, à efetivação do direito de mobilidade a todos os cidadãos e a exigir dos governantes ações de melhoria dos espaços públicos. Comportamentos expressam princípios e valores que a sociedade constrói e referenda e que cada pessoa toma para si e leva para o trânsito. Os valores, por sua vez, expressam as contradições e conflitos entre os segmentos sociais e mesmo entre os papéis que cada pessoa desempenha. Ser “veloz”, “esperto”, “levar vantagem” ou “ter o automóvel como status”, são valores presentes em parte da sociedade. Mas são insustentáveis do ponto de vista das necessidades da vida coletiva, da saúde e do direito de todos. É preciso mudar. Mudar comportamentos para uma vida coletiva com qualidade e respeito exige uma tomada de consciência das questões em jogo no convívio social, portanto na convivência no trânsito. É a escolha dos princípios e dos valores que irá levar a um trânsito mais humano, harmonioso, mais seguro e mais justo.
De acordo com Fernando Pedrosa, Jornalista, Publicitário e Especialista em Prevenção no Trânsito – “A nossa educação está carente de princípios e valores morais e éticos bem definidos. É na primeira infância que a criança forma os conceitos do bem e do mal, do certo e do errado. Quando os pais não deixam essas questões claras para os filhos, a formação desses conceitos fica prejudicada.
Na estrada com a família, por exemplo, quando ultrapassamos outro veículo numa curva sob faixa contínua ou dirigimos em velocidade sempre superior à permitida estaremos passando de uma maneira muito forte e clara para nossos filhos que estão ainda em processo de formação de caráter, que mentir e enganar são valores que praticamos sem constrangimento. Nós definimos nossos valores mais pelos nossos atos e exemplos do que pelas nossas palavras e sugestões. Esses comportamentos inadequados, aprendidos na infância, vão tomando dimensões maiores na adolescência, vão se enriquecendo com a força do grupo e terminam nesse “show de agressões” a que hoje assistimos estarrecidos em nossa sociedade.”
Uma boa engenharia de trânsito é muito importante. Sinalização adequada e pistas seguras também. No entanto, não há nada que impeça acidentes quando o motorista transgride as leis e sai conduzindo seu veículo de forma alucinada, utilizando as vias públicas como pista de teste e desrespeitando as mais elementares normas de segurança e respeito ao próximo. Além desse comportamento condenável e até criminoso, falta ainda ao motorista brasileiro a prática cotidiana da cooperação e da gentileza que, no trânsito, resolveriam questões de relacionamento que a melhor engenharia teria dificuldade em resolver.
O automóvel tem sido sinônimo de status e poder. Sua posse e uso, de uma maneira geral, traduzem uma forma de contestação e de compensação de frustrações, levando o indivíduo a compensar o poder que não sente possuir no exercício de seus papéis sociais. As estratégias de marketing e propaganda contribuem, e muito, para o fortalecimento desse comportamento.
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