Quando falamos de comunicação, geralmente, nos referimos àquela que acontece entre uma ou mais pessoas, raramente paramos para analisar como andamos nos comunicando conosco através dos nossos pensamentos. Através da Comunicação Não-violenta (CNV), o psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg nos ensina a amenizar a nossa comunicação com os outros e conosco.
Ele aponta como a maior utilidade da CNV o desenvolvimento da autocompaixão e recomenda que usemos a Comunicação Não-violenta para nos avaliarmos de maneira que promova crescimento, em vez de ódio por nós mesmos. Rosenberg afirma que, quando os conceitos críticos a respeito de nós mesmos impedem que vejamos a beleza que temos dentro de nós, perdemos a conexão com a energia divina que é nossa origem.
O primeiro passo para analisarmos a forma como nos comunicamos conosco é lembrar de alguma atitude recente da qual nos arrependemos. Em seguida lembrarmos como “falamos” conosco após termos cometido tal “erro”. É comum pensarmos ou até falarmos em voz alta frases como: “Isso foi uma tolice”, “Eu não aprendo mesmo”, “Estou sempre pisando na bola”
Esse tipo de atitude mostra que fomos educados para julgar a nós mesmos, nos recriminar e concluir que merecemos sofrer pelo que fizemos. Rosenberg classifica como trágico que tantos de nós fiquemos desnorteados com o ódio por nós mesmos, em vez de nos beneficiarmos dos erros, que mostram nossas limitações e nos guiam em direção ao crescimento.
Para o psicólogo, mesmo quando “aprendemos uma lição” com os erros pelos quais nos julgamos com tanta severidade, há energias destrutivas por trás dessa mudança como a vergonha e a culpa. Por outro lado, ele aponta como estímulo construtivo para a mudança o desejo de melhorar a nossa vida e a dos outros.
Nesse caminho de punição e de recriminação que trilhamos, existe um verbo que é a expressão máxima da culpa e da vergonha. Trata-se do verbo dever, usado em frases como: “Eu deveria saber”, “Eu deveria ter feito”, “Eu deveria ser”.
A CNV nos aponta que, quando nos comunicamos conosco através de julgamentos, culpa e exigências internas, sabotamos a nossa autoestima. Para mudar esse caminho é fundamental entender que, quando consideramos que cometemos um “erro”, é porque não agimos para atender as nossas necessidades.
Como exemplo podemos citar a necessidades de sustento, de autonomia, de afeto, de segurança e de reconhecimento. Antes de tudo é importante checar onde eu quero chegar, ou seja, que necessidade é mais importante atender no momento em que estou na minha vida. Rosenberg recomenda que, quando estamos fazendo algo pouco enriquecedor, nosso desafio é de nos autoanalisarmos a cada momento de forma que leve a uma mudança:
1. Na direção em que gostaríamos de ir, e
2. Por respeito e compaixão por nós mesmo, em vez de por ódio, culpa ou vergonha.
A importância de nos perdoarmos
Antes de nos perdoarmos, a CNV nos aponta para um tipo de luto que nos ajuda a entrar em contato com as necessidades não atendidas no passado. Assim, se um dia tivemos um relacionamento abusivos é importante olhar para o passado e entender que foi porque nos equivocamos buscando atender à nossa necessidade de afeto. Analisando o passado dessa forma compreendemos o que buscávamos e passamos a nos observar para agir, de agora em diante, de uma maneira mais madura para atendermos à nossa necessidade de afeto de forma respeitosa.
Para a Comunicação Não-violenta, perdoar-se é conectar-se com a necessidade que estávamos tentando atender quando tomamos a atitude da qual nos arrependemos hoje. Em seguida a CNV nos ensina que a autocompaixão que nos faz ter empatia pela parte de nós que tomou a atitude equivocada e a parte que hoje se arrepende da ação. Perdoando a nós mesmos nos libertamos para o aprendizado e o crescimento, conectando-nos com as nossas necessidades e agindo, cada vez mais, em harmonia com aquilo que necessitamos.
Elizete Schazmann – Jornalista e especialista em Comunicação Não-Violenta
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